A GREVE DOS TERCEIRIZADOS


Entre os dias 08 a 15 de abril, assistimos a uma luta protagonizada por aqueles/as que todos os dias passam invisíveis no quotidiano da universidade: os/as trabalhadores/as terceirizados/as da limpeza. Estes/as ficaram sem receber seus salários por dois meses e, por conta do fim do contrato da empresa para qual trabalhavam, com a USP, ainda estariam desempregados, sem qualquer perspectiva de receberem seus direitos. Esta situação-limite levou-os a decretar greve! Os prédios da FFLCH ficaram sem o seu serviço de limpeza diário e os/as funcionários/as começaram a passar em sala para expor o que viviam e pedir apoio.
A faculdade teve suas aulas canceladas na segunda feira dia 11/04, para que tudo voltasse “ao normal” no dia seguinte, quando a diretoria chamou uma equipe de limpeza emergencial para jogar a sujeira para baixo do tapete! Os/as funcionários/as em greve fizeram um ato neste mesmo dia, à tarde, batucando e revirando todos os lixos dos prédios onde trabalhavam, para que o lixo no corredor pudesse atentar a estudantes e professores/as que os seus problemas não estavam resolvidos - nem o dos trabalhadores, nem o da universidade que só funciona com a participação destes homens e mulheres.
Os atos, o lixo no chão, as passagens em sala trouxeram o debate para a sala de aula e para os corredores deste prédio com muita polêmica sobre os “métodos radicais” daqueles que não tinham o que comer. E o debate entre nós, estudantes, foi se aprofundando, até que no dia 13/04, à noite, chamamos uma plenária extraordinária para debater o que faríamos. Fizemos o mesmo para o período da tarde. Em ambas as discussões, foi consensual a necessidade de paralisarmos as aulas nos dias seguintes, pois entendemos que não havia como mantê-las – num clima de “normalidade” - se funcionários/as trabalham durante dois meses sem receber a (in) justa remuneração. Só conseguimos dar um nome para isso: trabalho escravo e que essa situação não era um problema isolado, mas sim um problema maior da terceirização e de um projeto de universidade que precariza o trabalho e a educação. Debatemos que o lixo no chão foi jogado pelos/as trabalhadores/as como ato político e que este era legítimo, ainda que alguns discordassem do método, a decisão dos funcionários deveria ser respeitada. Também doamos 800 reais do CAHIS para o fundo de greve, passamos uma sacola de arrecadação, fizemos campanha de doação de alimentos e um ato em frente à reitoria, na sexta feira dia 15/04.
Os estudantes também se posicionaram sobre a carta lançada pela diretora da Faculdade Profa. Sandra Nitrini, repudiando a afirmação de que o ato dos/as funcionários/as manchava a reputação desta instituição. Para nós o que deve sujar e envergonhar a Faculdade e toda a USP, é que trabalhadores não tenham o que comer porque a universidade não se responsabiliza por eles, sendo que as condições da tão enaltecida “produção de pensamento crítico e de diálogo” só existem por conta destes/as trabalhadores/as.
Diante de toda essa mobilização, uma vitória foi alcançada: os salários do mês de março foram pagos pela USP, fazendo prevalecer o princípio de co-responsabilidade entre a contratante da terceirização e a empresa contratada, frente à cômoda posição da reitoria em dizer que o pagamento dos funcionários da USP “não é problema dela”. Mas a luta não foi ganha! Ainda existem pendências no pagamento destas/es funcionárias/os e a terceirização, que tem por principal característica a precarização dos direitos dos trabalhadores, ainda é uma realidade no nosso prédio e em todas as outras unidades da USP.

PELA EFETIVAÇÃO DE TODOS OS TERCEIRIZADOS NO CORPO DE TRABALHADORES DA UNIVERSIDADE!

0 comentários:

Postar um comentário

 

O que é o CAHIS?

O CAHIS é a entidade representativa dos estudantes de História da USP. Ela organiza a luta dos estudantes, os representa nos espaços administrativos, organiza debates, e várias outras coisas. A atual gestão "Da Unidade Vai Nascer a Novidade" foi eleita em 2010 com a tarefa de reconstruir o C.A. As reuniões do CAHIS são abertas e ocorrem toda terça-feira as 18h no espaço aquário. Construa Junto!